Uma das celebrações mais antigas de Itanhaém, a tradicional Festa do Divino existente há mais de 300 anos, não poderia deixar de trazer em sua bagagem, histórias e participações de fiéis. São dezenas de seguidores que acompanham desde os preparativos iniciais até a fase final da festividade.
Quando criança, aos 11 anos, a aposentada Therezinha de Jesus Gatto dos Santos teve sua primeira participação registrada em 1941. Foi assim, convidada a Imperatriz por duas vezes, que a menina iniciou suas atividades religiosas junto à equipe que organiza o evento.
A partir daí não parou mais. Passou a se aperfeiçoar cada vez mais sobre os costumes e tradições que envolvem a festa. “Gosto muito, sempre quis servir. Eu até estudava em Santos, mas fazia questão de vir a Itanhaém”, comenta.
Filha de pais religiosos, migrados de Iguape, a devota se fez presente em muitas das celebrações, e hoje marca a data como um dia sagrado no calendário. “Vou a todos. Procuro registrar todos os momentos. Semana retrasada a bandeira passou aqui em casa e fiquei muito emocionada”, relata.
Considerada uma das seguidoras mais antigas de Itanhaém, Therezinha traz no histórico 70 anos de pura dedicação e religiosidade. Até hoje, por onde anda carrega na roupa o broche, símbolo do Espírito Santo.
Quem a conhece ou já teve a oportunidade de visitar sua casa percebe o quanto a aposentada tem adoração pelos assuntos da Festa do Divino. Em cima do sofá, pendurado sobre a parede, está à bandeira vermelha, com um desenho no formato de pomba branca. Esse é só mais um detalhe, já que a sala é decorada por ‘bandeirinhas’, santinhos, esculturas de pombas, quadros e até mesmo uma edição de jornal especial sobre a festa.
Em poucas palavras, e com as mãos sobre o tecido vermelho, ela se apressa em explicar que não se trata apenas de ajudar na organização, mas sim de uma realização pessoal. “Acordo e respiro Festa do Divino. Me criei quase que no evento”. Ainda com os olhos voltados para o pano, se emociona. “Sinto a presença do Espírito Santo”.
Não só dona Therezinha faz parte da história da Festa do Divino, como sua família também tem grande participação. Por muitos anos, o local onde morava ficou conhecido no Município, como a ‘Casa do Império’, ocasião em que a imperadores repousam a coroa e o cetro, esperando o momento ideal para seguir em procissão até a Igreja Matriz de Sant’Anna.
Anos mais tarde, a residência foi vendida e a considerada ‘Casa do Império’ passou a ter um novo ambiente, agora no Centro Histórico de Itanhaém, espaço substituído pela Casa do Olhar Benedito Calixto. “Minha casa era o referencial em Itanhaém. Recebi muitas pessoas, até estrangeiros passam por lá”.
Aos 81 anos e com uma memória de dar inveja a qualquer um, a aposentada relembra momentos que, segundo ela, são inesquecíveis. Ao mesmo tempo em que conversa, suas mãos parecem se perder ao meio de tantas fotos e jornais. Brancas e coloridas, antigas e recentes. A mesa da sala é pequena para as inúmeras recordações. “Esta aqui sou eu quando era mais jovem”. Aponta. “Está aqui foi há 4 anos. Olha, tirei essa na noite da soca. Eu e meu marido”, concluiu a aposentada.
Comunicação Social de Itanhaém